Em agosto de 2014, fiz uma
matéria sobre um caso que repercutiu bastante, envolvendo uma das principais
redes privadas de hospitais do país.
Desde então, tenho acompanhado a
história. Após o caso, um familiar envolvido criou um movimento para divulgar
situações semelhantes. Ele envia e-mails regularmente para alguns jornalistas
com informações que consegue checar. Em dezembro, recebi um e-mail dele dizendo
que a Polícia Civil havia concluído o inquérito e 5 médicos haviam sido
indiciados. Procurei a Polícia Civil, mas como o caso já havia sido enviado ao
MP, os detalhes da investigação, como os nomes dos indiciados, não poderiam ser
divulgados. O promotor que estava com o caso também disse que só divulgaria as informações
após o fim da apuração dos culpados. Após os órgãos oficiais negarem os
detalhes, conversei com a minha chefe, e logo chegamos à conclusão que ali não
existia o fundamental para fazermos a reportagem. Mas após algumas horas, fui
surpreendido com a notícia em duas emissoras de TV, uma rádio e um jornal, citando
o nome dos possíveis cinco indiciados por homicídio culposo. Mas qual fonte foi
utilizada? O mesmo e-mail que recebi do familiar. Nenhuma empresa do grupo no
qual trabalho deu a notícia. Mas não foi algo acordado, acredito que todos os
chefes de redação do grupo perceberam o mesmo que eu e minha chefe.
Na última terça-feira, saiu a
decisão do Ministério Público Estadual: quatro médicos foram denunciados.
Praticamente todas as empresas do
grupo fizeram a matéria após a divulgação do posicionamento oficial do MP.
Gravei com o familiar novamente e
perguntei em off: "Como os outros veículos de comunicação fizeram para ter
os nomes?"
Ele respondeu: "Eles não
confirmaram, apenas copiaram e colaram o meu e-mail."
Dormi tranquilo ontem, pois não divulguei
o nome de uma quinta pessoa que para as autoridades é inocente.
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