Foi no fim de tarde do dia 20 de janeiro de 2015. Estava
trabalhando no feriado, o que é normal para um jornalista, na cobertura da
procissão de São Sebastião. Tudo calmo no trajeto do Santuário dos Frades
Capuchinos, na Tijuca, até a Catedral Metropolitana, no Centro.
Faltavam poucos minutos para o fim do plantão, combinei com
a minha chefe que faria a última entrada no ar e fui atrás de uma personagem. Olhei
ao redor e escolhi o alvo: uma senhora de cabelo curto que aparentava ter uns
70 anos. Com certeza ela teria algo bacana para contar como um pedido especial
ou uma graça alcançada. Mas entre nós haviam alguns degraus. Estava a cerca de
2 metros dela, mas precisaria descer um pouco para ficarmos no mesmo nível,
pois ela estava sentada na escadaria da Catedral.
Pulei de uma altura de 30 centímetros pela lateral da
escadaria. Quando apoiei o pé direto no chão, me desequilibrei e virei o corpo
para o lado esquerdo, fazendo um movimento de torção no joelho, seguido pela
queda no chão. Senti a dor mais forte da minha vida. Havia acabado de romper o
ligamento cruzado anterior do joelho, ironicamente, uma lesão típica de
jogadores de futebol. Nunca tive o menor talento para o esporte que é a paixão
dos brasileiros.
Por alguns segundos, meus gritos de dor disputaram com o São
Sebastião a atenção dos fiéis. Fui socorrido pela senhora que seria a minha
entrevistada. Como estava com o microfone e o crachá da rádio, algumas pessoas
correram até o Amarelinho (carro de reportagem da Rádio Globo) para chamar o
Nilson, o motorista que estava comigo naquela tarde de peregrinação. Ele me
carregou até o carro e fomos direto para o hospital Copa D'Or. Fiquei devendo
a última entrada no ar naquele dia.
O ortopedista da emergência nem precisou esperar o resultado
dos exames para fazer o diagnóstico. Meu joelho estava "solto". Tomei
analgésicos, recebi alta, marquei a consulta com o especialista e fui para casa
ainda sentindo muita dor. Ao chegar novamente no Copa D'Or para a consulta,
dois dias após o acidente, encontrei no consultório o Dr. Rodrigo Kaz,
ex-diretor médico do Botafogo e uma das maiores autoridades em joelho no Brasil.
Ufa, estava em boas mãos.
Ele examinou meu joelho e só deu uma opção para resolver o
problema: cirurgia. Foi neste momento que começou o milagre. Desde a morte do
papai, criei um bloqueio com cirurgias e cicatrizes ao ponto de me sentir mal
se alguém começar a falar no assunto perto de mim. O caso mais extremo
aconteceu há uns 4 anos numa agência bancária. Perto de mim estava uma jovem
muito bonita com um vestido decotado, só que ela tinha uma enorme cicatriz no
tórax que provavelmente era decorrente de uma cirurgia cardíaca. Não consegui
para de olhar para a cicatriz e fui ficando impaciente, agoniado. Minutos
depois joguei a toalha e saí do banco sem pagar as contas.
Como alguém com uma paranoia tão grande poderia se
submeter a cirurgia de reconstrução de um ligamento? Adiei por 4 meses tentando
levar uma vida normal, mesmo com dor e sem poder fazer o movimento de torção do
joelho, que é a função do ligamento que eu não tinha mais. Marquei a cirurgia
para o final do mês de maio. No dia anterior a cirurgia, uma funcionária do
hospital me ligou e perguntou qual era a minha religião. Putz, pirei. Achei que
já estavam preparando a minha extrema-unção.
Tentei me confortar na experiência do Dr. Rodrigo Kaz, e deu
certo. Ele me passou a confiança necessária para vencer esse obstáculo. A
cirurgia durou cerca de duas horas e foi muito bem sucedida. Começava ali a
parte mais difícil: 30 dias de repouso absoluto, utilizando muletas e saindo de
casa apenas para fazer fisioterapia. Nove dias após a operação, eu já me
sentia apto a dirigir, e assim fui a todas as sessões de fisioterapia. Minha
teimosia e impaciência estavam colaborando para que o resultado da cirurgia fosse
por água abaixo.
Estava me sentido tão confiante no período final do repouso,
que fui a São Paulo dirigindo. Dr. Rodrigo não sabe disso, é claro. Ouvi dele
em todas as consultas de revisão: "Você é o paciente que mais me preocupa
no momento, pois sua recuperação está surpreendente, melhor do que a de muitos atletas,
o que pode te encorajar a passar dos limites". Eu fazia cara de bom rapaz
e falava para ele não se preocupar. Voltei a trabalhar logo no início de julho,
e em um dos primeiros dias de retorno, atravessei a Linha Amarela correndo para
chegar ao local de um acidente. Só lembrei da cirurgia na hora que pulei a
mureta central da via, doeu...
Sete meses após a cirurgia, o meu joelho está melhor do que
antes do acidente. Após o fim das sessões de fisioterapia, iniciei a musculação
para fortalecer o novo ligamento do joelho, que foi retirado da parte posterior
da coxa. E o melhor de toda história é que a pequena cicatriz dos seis pontos não me
incomoda.
Dr. Rodrigo Kaz foi muito importante, mas acredito que São
Sebastião foi o principal responsável por me livrar desse trauma.
Viva, São Sebastião!
Amém...
ResponderExcluirSou católica mais não muito rsrs, pois tenho deficiência em acreditar em santos, nesse ultimo dia 20 de janeiro de 2019, fomos na missa, (eu, minhas filhas e meu esposo) na igreja de são sebastião aqui em Crixás GO. minha filha queria ir na missa do centro e eu disse nao. então fomos aqui mesmo, chegando lá nunca tinha observado São Sebastião, de repente olhei pra imagem que não parava e olhar para mim, desviei o olhar, mas, mesmo assim ele continuava a me olhar, voltei a olhar para ele e quando ele me disse, "Estou aqui, fale seu coração se angustia", pensei: estou ficando louca, olhei novamente e ele falou novamente comigo, quando eu disse: São Sebastião se o senhor esta falando comigo e porque esta vendo minhas angustias, então leva essa flecha no lugar onde estou precisando para o milagre acontecer em nossas vidas. Olhei para minha filha da direita e disse que são Sebastião estava conversando comigo, e ela olhou para ele e disse que realmente ele estava olhando para mim. senti uns arrepios muito diferente. Quando ao final da missa, o padre disse que dia 20 de janeiro é o dia de São Sebastião, contou a história dele e cantou para ele. Voltando para nossas casas eu e minha família caímos em prantos, pois ninguém sabia que era o dia de São Sebastião. Bem, agora, estamos esperando dele o milagre. Volto a depor se Deus quiser em breve.