quinta-feira, 9 de fevereiro de 2017

Quais são as suas dívidas?

Estou longe de ser um gato, mas já gastei pelo menos 5 vidas nos últimos 6 anos. Nesse período, passei por situações que colocaram em risco a minha integridade física: dois graves acidentes de carro, dois assaltos à mão armada e um sequestro relâmpago. Mas graças a Deus estou aqui pra contar a história, são e salvo! O caso mais recente aconteceu na semana passada, quando fui assaltado a caminho do trabalho, num dos acessos à Linha Amarela. Perdi meus pertences, fui jogado ao chão e levei um chute nas costas. Porém, ganhei mais uma oportunidade da vida! Conversando com uma amiga, ela disse: "Renato, acho que está na hora de você reavaliar sua vida, suas atitudes. Deus te deu mais uma chance. Aproveita!"
Pensei bastante no que ela me disse. Mesmo não sendo um assunto agradável, não dá para ignorar a morte, pois não podemos fugir dela. Se algo pior tivesse acontecido na semana passada e nesse momento eu não estivesse mais aqui, quais seriam as dívidas que eu teria deixado? Pra quantas pessoas eu deveria ter pedido perdão? Será que alguém carregaria para o resto da vida uma mágoa causada por mim?
Esse foi o recado dado pela minha amiga, que um dia foi minha namorada. Na verdade, ela foi a primeira, há mais de 15 anos. Como passamos anos sem nos falarmos, tenho certeza que ela falou baseada em sua própria experiência comigo.
Outro conselho que recebi há alguns anos e que me fez uma pessoa mais feliz, foi de uma ex-colega de trabalho com quem eu tive um breve relacionamento. Tínhamos marcado de viajar num fim de semana. Mas ela perdeu a hora e acordou três depois do horário combinado para pegarmos a estrada. Em momentos como esse, um dos meus maiores defeitos vem à tona: fico cego de razão. Cancelei a viagem e joguei fora 48 horas de descanso e boas risadas por causa de 3 horas de atraso. Na ocasião, ela me disse apenas uma frase: "Renato, você precisa ser mais freestyle". Só depois de algum tempo, percebi que começar a encarar a vida de uma forma mais leve, deixando algumas regras e caprichos de lado, me faria uma pessoa melhor.
O amor tem que ser leve, seja no âmbito familiar, das amizades ou dos relacionamentos amorosos. Admito que tenho dificuldade de lidar com as atitudes que não concordo das pessoas que amo. Ainda estou aprendendo que é melhor ser feliz do que ter razão. Às vezes, isso faz de mim uma pessoa intolerante e acaba potencializando as minhas decepções. 
Fiquei alguns anos sem falar com o meu melhor amigo de infância, em períodos distintos. A mesma brincadeira que os meus colegas faziam e eu não me importava, virava a 3ª guerra mundial quando era feita por ele. Aquela famosa história do "até tu, Brutus?"
Nos últimos dias, lembrei de pessoas que foram importantes em períodos da minha vida, mas que acabei me afastando por causa de atitudes que não eram para terem sido levadas tão a sério. Senti vontade de procurar todas essas pessoas e falar: "Deus me deu mais um chance! Desculpe-me por ter agido de forma imatura e intolerante."
Criei coragem e procurei a primeira pessoa da lista, que é a que considero mais importante. Não deu muito certo, mas acredito que um dia algo também a faça mudar, e aí será uma dívida a menos nesse mundo.
Não desejo que ninguém passe por algo semelhante ao que aconteceu comigo na semana passada. Por isso, aproveite as chances que são dadas todos os dias ao acordar. Pode ser uma oportunidade para estudar e descobrir a cura do câncer ou para fazer uma pessoa sorrir. A importância é a mesma!

Você já pensou em quais são as suas dívidas?

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